Depressão Pós-parto
(...) A verdade é que a romantização da maternidade colabora bastante com o desenvolvimento do transtorno depressivo materno. Por causa de fatores culturais e sociais, as mulheres tendem a não falar abertamente sobre os sintomas de depressão.
A influência da romantização da maternidade no desenvolvimento da depressão pós-parto.
Durante a minhas pesquisas sobre o tema, percebo que a maioria dos estudos, matérias e semelhantes sobre depressão pós-parto, abordam mais sobre as repercussões que a depressão materna causam na criança, do que sobre as repercussões na própria mulher, que sofre com a doença. Parece que o mundo ainda não aprendeu a olhar pela perspectiva da mulher e da mãe.
A verdade é que a romantização da maternidade colabora bastante com o desenvolvimento do transtorno depressivo materno. Por causa de fatores culturais e sociais, as mulheres tendem a não falar abertamente sobre os sintomas de depressão.
Em relatos da maioria das mulheres, existe uma enorme sensação de culpa. Culpa principalmente por não estarem felizes nesse momento. Culpa por não estarem bem nesse momento tão romantizado pela sociedade. Culpa por estar se sentindo assim, nesse momento em que todos disseram que deveria ser muito feliz. Culpa por não estarem bem. Culpa por estarem doentes. E culpa por não se acharem boas mães por isso.
O resultado é que a maioria das mulheres em depressão pós-parto não procuram ajuda ou tratamento. Elas sofrem em silêncio. Apenas 18% das mulheres que sofrem com depressão na gestação e no pós-parto, procuram por tratamento.
Dados sobre a Depressão Perinatal
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a prevalência de Depressão Pós-Parto em países como o Brasil é de 19,8%. Segundo uma pesquisa Britânica de 2023, a depressão acomete até 25% das mães brasileiras no período de seis meses após o nascimento.
A depressão pós-parto consiste em sintomas depressivos que duram por duas semanas ou mais. Geralmente, se iniciam entre a quarta e a oitava semana de puerpério, às vezes mais tarde, mas ainda dentro do primeiro ano, e podem persistir por mais de um ano. Especialistas afirmam que o termo ideal para uso é de depressão perinatal, uma vez que para algumas mulheres, os sintomas podem se iniciar durante a gestação.
A etiologia exata da depressão pós-parto é desconhecida; contudo, depressão prévia é o maior risco. Mudanças hormonais durante o puerpério, privação do sono e suscetibilidade genética podem contribuir para a evolução do quadro.
Fatores de risco para o aparecimento da depressão:
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Gestação não desejada;
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Diagnóstico anterior de depressão pós-parto;
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Diagnóstico anterior de depressão;
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Histórico familiar de depressão ou outros transtornos mentais;
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Estressores significativos (conflitos conjugais, eventos estressantes nos últimos meses, dificuldades financeiras);
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Falta de suporte emocional do parceiro ou familiares;
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Falta de suporte financeiro do parceiro ou familiares;
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Falta de parceiro ou rede de apoio para os cuidados da criança;
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Parceiro com depressão ou abuso de substâncias;
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Desfechos obstétricos complicados (parto prematuro, recém-nascido com complicação ou internação);
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Dificuldades com aleitamento;
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Outros.
Fatores de proteção da depressão:
Existem alguns fatores que protegem da doença, o que são chamados de fatores de proteção. A principal evidência é que, mães com uma boa rede de suporte têm menos chance de desenvolver depressão.
Outros fatores que protegem da depressão são: apoio de outra mulher, detecção precoce da depressão, suporte social, boa relação conjugal e suporte emocional do companheiro, estabilidade socioeconômica, sistema de apoio familiar, apoio psicológico no pré-natal e no puerpério.
Sinais e Sintomas da Depressão Perinatal
Alguns sinais e sintomas que devemos estar atentos no período perinatal são:
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Perda de interesse e prazer;
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Insônia ou aumento do sono;
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Tristeza extrema;
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Oscilações de humor intensas;
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Choro incontrolável;
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Perda de apetite ou comer em excesso;
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Irritabilidade ou raiva extrema;
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Preocupações extremas e irrealistas sobre o bebê;
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Sensação intensa de ser incapaz de cuidar do recém-nascido ou de não ser adequada para o papel de mãe;
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Medo extremo em machucar o bebê;
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Culpa extrema em relação aos próprios sentimentos;
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Pensamentos suicidas;
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Ansiedade ou ataques de pânico;
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Cefaleias e/ou dores no corpo;
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Outros.
Em casos graves e raros, podem haver sintomas psicóticos associados ao quadro.
Sugestões finais
O diagnóstico precoce e o tratamento da depressão perinatal podem melhorar muito os resultados tanto da saúde materna quanto da criança.
É importante que, além dos profissionais de saúde, todo mundo tenha uma escuta ativa dessas mulheres durante esse período. Se você tem alguém próxima que está no período perinatal, fique por perto. Pergunte ativamente sobre seus sentimentos, seu humor e seus pensamentos. Proponha uma comunicação aberta e sem julgamentos. Escute-a com atenção. Pode fazer toda a diferença.
Aos parceiros de mulheres durante esse período, fiquem próximos e fiquem atentos. É recomendada a terapia de casal ou de família durante esse período.
Se você se identificou com os sintomas, por favor busque ajuda de algum profissional de saúde.
A doença pode se agravar sem tratamento e os desfechos podem ser muito ruins.
Procure ajuda.
Não precisa sofrer sozinha.
Por Giovana E. Ribeiro
Referências bibliográficas
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Depressão Pós-Parto: Uma Revisão Sobre Fatores de Risco e de Proteção - Psicologia, Saúde & Doenças, 2017, Sociedade Portuguesa de Psicologia e Saúde SPPS.
Depressão pós-parto acomete 25% das mães brasileiras - Jornal da USP, por Julia Galvão.
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